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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Luzes e pó

Típico taxi de "luxo" que nos levou por 250km

Percebi de longe a angústia nessa mulher, logo após guardar a camera o motivo se revelou: um marido enfurecido saiu espancando ela pela rua. As mulheres por aqui podem possuir uma posição muito inferior na sociedade.


Mysteries

Taghazout
















Killers point















Saímos do avião diretamente para um tipo de salão com dezenas de filas para a imigração. Ali começamos a perceber o quão distantes estávamos de tudo aquilo que éramos acostumados no nosso dia a dia. Desorganização, pressa, rostos rígidos, mulheres vestidas o corpo inteiro, algumas coloridas outras morbidamente cobertas. Os turistas, como nós e também mais exóticos, ajudavam a amontoar o salão.

Passada a odisséia do aeroporto embarcamos rumo a Agadir, quando no Taxi entendemos com um Francês pior que “arranhado” que deveríamos ir para Taghazout (leia-se tagazut). 3 horas de viagem por uma estrada muito bem providenciada pelo Rei Marroquino.

O taxista nos levou diretamente para um hotel onde fomos recebidos por Hassan, o gerente. Nosso anfitrião, um cidadão local, teve condições de aprender a ler e escrever, mostra habilidades e grande interesse pelos negócios sempre andando atrás de nós com frases de um inglês caricaturizado: “How much you whant for this?”, “If you have anything to sell show me”.

Tagazut é “8 e 80”, contudo respeitando as diferenças e mantendo esse olhar enfim posso dizer que é um local muito bonito. O Atlântico esverdeado, escarpas de centenas de metros que findam no mar com solo pedregoso, sedimentado em camadas com milhões de anos podem emocionar quando se tem consciência que a África é o continente mais antigo do nosso planeta.

Logo que chegamos ao Marrocos percebemos uma grande concentração de gado ovino, logo descobrimos que no dia seguinte se iniciava um período santo com grande sacrifício desses animais. Ao amanhecer já no vilarejo tivemos que realizar a exploração do local tendo como trilha sonora a agonia dos animais sendo abatidos dentro das casas humildes, que mais parecem cavernas urbanas em sua maioria. No final da manhã o som diminuía na proporção que o vermelho tomava o lugar, escorrendo pelo meio das ruas junto com todo tipo de água que se pode eliminar de uma casa (aqui não ha esgoto ou outro tipo de saneamento, o processo é medieval e termina nas ruas rumo a qualquer lugar mais baixo).

Por uma caminhada de cerca de 10km encontramos os famosos pointbreaks da região quebrando com cerca de 3 pés. Pontos que geram ondas perfeitas, direitas em sua maioria que quando caminham com as séries formam um cenário surreal presente nos sonhos de qualquer surfista em busca de ondas perfeitas. O swell veio, durou pouco mas pudemos desfrutar, mesmo que rapidamente, de ondas de cerca de 4 a 6 pés. Voltarei ao surf num post futuro.

As manhãs aqui começam com o ritual que se repete 5 vezes ao dia: das mesquitas é recitado com muita energia os preceitos do islam. Algo incrível de se presenciar as 5 da manhã, meio dia, 16h, 19h e 20h.

Após levantar junto com o mundo islâmico partimos direto para buscar ondas que se escondem atrás das grandes escarpas, onde se pode chegar somente remando por um bom tempo sem saber exatamente o que haverá lá.

Para nós, essa parte do Marrocos é assim: a cada montanha passada ou curva vencida, uma surpresa diferente e algo novo para conhecer.

Um comentário:

  1. Grande viagem. Pensamos em conhecer novos lugares, nos divertir e ter histórias para contar, mas quando retornamos, não temos ciência de quanta bagagem trazemos para nosso meio. Com tantas culturas diferentes, retornamos com um olhar diferente e, querendo, ou não, difundimos esse nosso novo olhar por toda nossa volta.
    Boa viagem! Bom retorno!
    Nilton - @niltonpa

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